A construção da pousada Terra Gaia, em Calvacante (GO), foi pautada na sustentabilidade e na valorização dos recursos locais. Os três chalés integrados à natureza foram erguidos com materiais regionais, como terra e pedras, e tecnologias que reaproveitam água e energia solar.
O projeto é de Bruno Ferreira Alvarenga e Carlos Eduardo Gutheil, do escritório Simbiose Arquitetura. (Instagram @simbiose.arq)
“Cada chalé é uma caixa de vidro temperado, protegida por empenas de pedras, adquiridas na região, e paredes de terras, também locais", afirma Bruno.
A fachada ao sul de cada habitação tem portas de correr que se abrem completamente para ter uma bela vista da Chapada dos Veadeiros. Com isso, o espaço interno se transforma em uma grande varanda com ventilação cruzada e abundância de luz natural.
Já na parte da fachada norte, foram usadas terras cruas (taipas de pilão), que também contribuem para manter a temperatura controlada. "Parte do calor acumulado dentro da massa térmica de terra é liberado no interior do chalé durante à noite. Ou seja, fica um ambiente fresco ao longo do dia e agradável ao anoitecer", ele diz.
Os chalés também contam com jardins de inverno, que ajudam a umidificar o ar seco do Cerrado, pois recebem os efluentes de águas usados na pia, chuveiro e ralos. "Eles funcionam como uma 'estação de tratamento' e através da evapotranspiração da vegetação, também cumprem com a função de climatizador", explica Bruno.
As habitações também são suspensas, ou seja, não estão diretamente no solo, evitando a necessidade de impermeabilizar a terra do chão e alterar o recurso natural durante a construção. Além disso, foram instalados painéis solares fotovoltaicos, que transformam os raios do Sol em energia elétrica para o funcionamento dos equipamentos internos e eletrodomésticos.
Os arquitetos também se preocuparam com o isolamento acústico, colocando telhas termoacúsicas com preenchimento em poliuretano (PU) na cobertura; paredes internas de drywall com isolamento de lã de vidro; e as taipas de pilão na fachada, que também evitam a entrada de sons externos.
Segundo Bruno, o sistema de construção que une o drywall e a estrutura metálica torna a obra mais rápida, limpa, precisa e seca. "O projeto mostra que é possível resgatar técnicas ancestrais junto ao que há demais moderno em sistemas construtivos. Quebra o paradigma e os preconceitos do uso da terra como material de construção", ele comenta. "Garante total integração à natureza, garantindo ar puro e luz natural. O projeto se encaixa na paisagem, não impõe formas e cores estranhas ao Cerrado, mostrando que usuário, edificação e natureza podem existir em simbiose.
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